Os três jornais diários de Goiânia publicaram hoje dados da pesquisa Mapa da Violência 2011-Caderno Complementar e destacaram a quantidade de mortes no trânsito do país e da capital. Todos bateram na mesma tecla do aumento de mortes entre os motociclistas em uma década (1998–2008) período em que a pesquisa foi efetuada.
O que os jornais omitiram foi o fato de que esse incremento na morte de condutores de motos foi apenas uma das conclusões. A outra conclusão, desta vez positiva, foi que: excluindo os dados sobre as mortes de motociclistas e considerando os números de pedestres e de condutores de automóveis, houve uma queda de 8,2% de mortes.
No quadro abaixo você observa a quantidade de mortes registradas, ano a ano, e o percentual, confirmando a queda das mortes de pedestres e motoristas de carros e o crescimento em 753,8% das mortes entre motociclistas.
Apesar de demonstrar apenas alguns dados sobre a queda de mortes no trânsito nos primeiros anos da vigencia do novo Código de Trânsito aprovado em setembro de 1997, o trabalho concluiu que as significativas quedas nos 3 indicadores(pedestres, automobilistas e na mortandade global excluindo motociclistas) e eles atribuem que a legislação adequada, educação no trânsito e fiscalização são o tripé eficiente para conter a violência no trânsito do país.
Mesmo com essa queda indicada pelo Mapa, ainda é muito elevada a taxa de mortes em acidentes no país e o gráfico mostra uma ascendência no número e percentual de óbitos no trânsito.Veja que de 1997 a 2000 - período próximo à implantação do novo Código, houve um decréscimo, mas depois de 2000 o gráfico indica que os números foram só subindo. É que os motoristas perderam o medo diante da impunidade. Quem já viu motorista ser condenado por homicídio após matar uma pessoa em acidente de trânsito?
O estudo sugeriu formação e treinamento dos motociclistas, reforço das campanhas educativas e fiscalização sistemática e concreta para coibir a direção perigosa, o que é urgente, pois os motoristas sabem o quanto esse pessoal de moto se arrisca no trânsito com manobras que colocam em risco eles próprios, os pedestres e motoristas de veículos - fazem cruzamento à direita, costuram entre os carros, fecham carros, trafegam em alta velocidade e muito mais.
CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE
Quanto à destacar os números e percentuais negativos, isso pode ser explicado pelos critérios de noticiabilidade elencados por Mauro Wolf na teoria do newsmaking ou do processo de fazer a notícia. Critérios de noticiabilidade são um conjunto de elementos que o jornalista leva em conta para definir o que é notícia e o que não é, ou seja, o que entra na pauta do dia, "que acontecimentos são considerados suficientemente interessantes, significativos e relevantes para serem transformados em notícia".
No caso dos jornais goianienses que deram manchete e destaque à quantidade de mortes, especialmente de motociclistas, foram levados em conta os critérios substantivos que Wolf destaca, da quantidade de pessoas que o fato envolve. A queda na quantidade de mortes de pedestres e automobilistas é bem menor que o crescimento de óbitos dos motociclistas. Ou seja, se mais pessoas morreram, durante a década, conduzindo motos esse dado teve mais chance de ser destacado, de chamar a atenção do leitor, e portanto de ser lido.
Por isso, a boa notícia de queda nas mortes de pedestres e pessoas em automóveis não foi destaque. O critério que os jornais usam - fruto da mercantilização da informação, de uma lógica industrial que também está presente nas empresas de comunicação, o que Traquina reconhece: notícia ruim é que é boa, é a que vende.
CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE
Quanto à destacar os números e percentuais negativos, isso pode ser explicado pelos critérios de noticiabilidade elencados por Mauro Wolf na teoria do newsmaking ou do processo de fazer a notícia. Critérios de noticiabilidade são um conjunto de elementos que o jornalista leva em conta para definir o que é notícia e o que não é, ou seja, o que entra na pauta do dia, "que acontecimentos são considerados suficientemente interessantes, significativos e relevantes para serem transformados em notícia".
No caso dos jornais goianienses que deram manchete e destaque à quantidade de mortes, especialmente de motociclistas, foram levados em conta os critérios substantivos que Wolf destaca, da quantidade de pessoas que o fato envolve. A queda na quantidade de mortes de pedestres e automobilistas é bem menor que o crescimento de óbitos dos motociclistas. Ou seja, se mais pessoas morreram, durante a década, conduzindo motos esse dado teve mais chance de ser destacado, de chamar a atenção do leitor, e portanto de ser lido.
Por isso, a boa notícia de queda nas mortes de pedestres e pessoas em automóveis não foi destaque. O critério que os jornais usam - fruto da mercantilização da informação, de uma lógica industrial que também está presente nas empresas de comunicação, o que Traquina reconhece: notícia ruim é que é boa, é a que vende.
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